A deputada estadual cantora Mara Lima, Líder da Bancada Evangélica da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) participou da sessão solene, na manhã desta terça-feira (31), para comemorar os 500 anos da Reforma Protestante, movimento reformista cristão ocorrido no início do século XVI e liderado pelo ex-monge Martinho Lutero, na Alemanha.
“Deus tem levantando homens e mulheres para dizer que a gente continua reformando a cada dia aquilo que não está certo e que possamos juntos poder acreditar nas palavras e no desejo desse alemão (Martin Lutero) corajoso que veio sem medo de se posicionar. Temos que ter posição e sermos unidos, somente assim somos mais fortes. Juntos nós venceremos toda essa batalha que tem sido travada contra todas as igrejas. Nós valorizamos a vida, a família e vamos continuar defendendo esses valores e princípios” disse a Líder da Bancada Evangélica da Alep, deputada cantora Mara Lima.
Durante o evento foram homenageadas as Igrejas protestantes e suas ramificações, com a entrega de uma placa ao pastor Airton Schroeder, vice-presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, Área de Ação Social.
Movimento reformista
No dia 31 de outubro de 1517 o monge agostiniano Martin Lutero afixou na porta da Igreja de Wittemberg, cidade alemã, 95 teses de sua autoria criticando várias condutas da Igreja Católica, que tinha então uma grande influência política e social, era uma potência financeira e servia, não raro, de instrumento de fortalecimento do poder político. Os textos de Lutero denunciavam o que ele considerava deturpação do Evangelho, a venda de indulgências – que chegou ao auge no pontificado de Leão X (1513-1521), integrante da poderosa família dos Medici, de Florença – a corrupção, o enriquecimento ilícito e o desrespeito ao celibato clerical. A par das denúncias, chamava os cristãos para o arrependimento e a fé e pregava que a salvação se dá pela fé na justiça, na graça e misericórdia de Deus.
Suas teses deram origem a um movimento de ruptura que levou à criação de uma nova religião cristã. O Luteranismo. Lutero não recuou de suas posições e foi excomungado e expulso da Igreja por Leão X. O príncipe Frederico da Saxônia lhe deu abrigo, e foi seguido por outros príncipes e nobres que passaram a apoiar a vertente protestante. A Reforma se espalhou pela Alemanha e por outros países. Na França e na Suíça foi liderada por João Calvino e Ulrico Zuínglio. Na França e nos Países Baixos seus seguidores eram denominados de huguenotes, na Inglaterra, de Puritanos, e na Escócia, de presbiterianos.
Sua disseminação levou a Igreja Católica a promover uma contrarreforma, definida através do Concílio de Trento (1545-1563), que reviu práticas condenadas pelos fiéis, liberou a realização de missas em língua nacional, criou os seminários para promover educação religiosa, mas rechaçou a livre interpretação dos Evangelhos e reafirmou a devoção a imagens, à figura de Maria e aos santos. Uma das medidas conservadoras adotadas pela Igreja Católica foi a reativação do Tribunal do Santo Ofício, encarregado de combater as heresias e julgar os infiéis.
Para difundir a reforma, Lutero traduziu a Bíblia do latim para o alemão, veiculou seus panfletos rodados nas máquinas de imprensa, tornando o cristianismo acessível a um número maior de pessoas, estimulando a leitura e o desenvolvimento da educação. Ao quebrar o monopólio espiritual do Catolicismo, a reforma abriu caminho para o aparecimento de várias vertentes do cristianismo: a Anglicana, na Inglaterra, a Luterana, na Alemanha, a Calvinista, na França e na Suíça. E mais tarde para a Igreja Metodista, no Reino Unido. A partir do século XIX surgiram as religiões Pentecostais e Neopentecostais, que se desenvolveram principalmente nos Estados Unidos.
Historiadores apontam a influência do protestantismo no fortalecimento do capitalismo no século XVI. O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) via no calvinismo o que chamou de “espírito do capitalismo”, uma atitude que valorizava o comportamento aquisitivo e a competitividade, em contraposição a ética medieval católica, que condenava a acumulação de capitais e o empréstimo a juros, além de pregar a doutrina do preço justo.